Terceira Idade

Porque minha mãe não sai de casa?

Por 20 de maio de 2019 setembro 10th, 2021 Sem comentários
Minha mãe não sai de casa

A diminuição da participação social entre idosos em idade avançada é comumente explicada na literatura devido a fatores como declínio da função física, doenças crônicas e/ou falta de mobilidade, porém alguns estudos apresentam outros fatores importantes e que também influenciam negativamente a participação de idosos nas atividades em geral.

Questões sociais, como a falta de companhia para ir a determinados locais são fatores importantes na idade avançada, situações como a viuvez, a perda de membros da família ou de amigos, seja devido a falecimentos ou mudança de moradia, levam o idoso a restringir-se socialmente: pessoas queridas, amigo(a)(s) de longa data desaparecem inesperadamente do seu convívio, deixando no lugar a solidão e muitas vezes a falta de ânimo para se engajar novamente; principalmente que  o processo de recomeçar é difícil para a maiorias dos idosos, tornando sua  rede de contato social reduzida. Muitas vezes a impossibilidade de não ter companhia familiar que o leve até o local do encontro ou da atividade de lazer é um fator impeditivo; seja devido a ocupação de filhos e netos ou até mesmo a falta de interesse dos mesmo em sair com os avós. A falta de locais para que o idoso possa participar socialmente também é um fator que precisa ser avaliado, pois no Brasil, considerando o número atual de idosos e seu constante crescimento, há poucos locais para tal convivência.

Dentre os motivos psicológicos, a depressão, a ansiedade, o medo da queda, o “gosto pelo isolamento”, a falta de ânimo para interagir com atividades ou pessoas que não são de seu interesse, (talvez o desconforto não compartilharem os mesmos interesses ou o fato de encontrar pessoas mais jovens e não considerarem isto como um atrativo para se relacionar). Em algumas situações sentimentos negativos com relação a velhice, de acreditar que não são mais jovens para participar de determinadas atividades ou para ir a algum lugar, são fatores preponderantes à participação social do idoso. Neste caso o papel do psicólogo(a) especializado(a) em gerontologia é de fundamental importância, podendo reverter a situação.

Motivos ambientais como barreiras arquitetônicas, tecnológicas ou de acessibilidade via transporte público, também comprometem a interação de idosos, seja por um local que não tenha elevador ou rampa de acesso. Alguns locais impedem o bom desempenho de quem o frequenta, por apresentarem tecnologia que o idoso não tem domínio, como por exemplo bares que se utilizam de tablets para que os clientes possam fazer os pedidos. Alguns outros fatores também dificultam a sociabilidade do idoso: o transporte público com altos degraus, vãos largos entre as plataformas e os vagões, ruas esburacadas, semáforos com tempo reduzido, impedindo ou gerando insegurança ao idoso, dificultam ou impossibilitam o acesso, limitando a participação social.

E por fim, motivos econômicos também significantes: quando faltam recursos financeiros para despesas básicas, a ida ao teatro, ao cinema, e a eventos festivos por exemplo, se tornam necessidades secundárias e descartáveis, apesar de seu grande valor para o bem-estar do idoso.

Muitas vezes vários destes fatores estão presentes simultaneamente, aumentando ainda mais a dificuldade de interação do idoso. Sem considerar as doenças crônicas e de mobilidade, que potencializam ainda mais as dificuldades para que o idoso esteja socialmente engajado.

Telma Lucia Mendes
Crp.06/42.115

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