Parece um buraco sem fundo, a gente vai caindo, caindo e não tem forças para voltar. Primeiro vem a falta de energia, a vontade de ficar na cama, de não sair de casa, de se prender em seus pensamentos e se fechar para o mundo. O choro vem até a garganta, coisa esquisita pois sequer sabemos o motivo, além daquela percepção negativa de nós mesmos, de nos acharmos desconectados do mundo como se tivéssemos numa outra rotação.
O ânimo para viver sai do corpo e dá margem ao desespero, ações comuns como abrir uma gaveta se tornam um árduo trabalho. Surgem cobranças de todos os lados, comentários grotescos e a coisa só parece piorar; muitos identificam como preguiça, atitude para chamar a atenção, falta de vergonha e muito mais. A maioria ignora que depressão não é o oposto da alegria e sim falta da vitalidade (Solomon, A. 2001).
Não se pode confundir depressão com tristeza, tampouco com sentimento de luto. Esta doença não é específica de determinada faixa etária, sexo ou condição financeira. Qualquer um pode ser acometido por ela, até mesmo os mais fortes, e, caso não haja cuidado a consequência pode ser a morte. Por isto o tratamento (em conjunto) com Psiquiatra e psicólogo(a) precisa ser levado a sério. Ambos profissionais são parceiros neste tratamento, questões químicas e de cunho emocionais se inter-relacionam na depressão, apesar de atualmente termos um excesso de medicalização para tudo, inclusive o luto.
Muitos pacientes questionam sobre a eficácia dos remédios, seus efeitos colaterais, o tempo de permanência em psicoterapia, mas a Depressão é um transtorno de humor onde não há muita precisão, alguns permanecerão sendo medicados para o resto de suas vidas enquanto que outros podem diminuir ou até eliminar determinados procedimentos e remédios, dependendo da intensidade da doença e da atitude de cada pessoa.
Se bem administrados (os tratamentos) possibilitarão melhor qualidade de vida. Algumas pessoas e até mesmo a própria família escondem a doença por medo de serem alvos de preconceito ou incompreensão. Tal comportamento dificulta mais a situação, fortalecendo a Depressão.
Trata- se de um transtorno de humor imperioso que necessita de atenção e de cuidados.
O mundo para quem tem Depressão parece não ter sentido, como se estivesse preso no tempo, com pouca luz e desamor; domina o sentimento de desvalia e a dificuldade de concentração; a pessoa tem a sensação de vazio e solidão infinita, mesmo que esteja acompanhada; muitas vezes apresenta indiferença, ausência de sentimentos diante de situações por melhor ou pior que elas venham a ser; adicionados a isto pensamentos negativos de cobrança interior com relação a possíveis transtornos causados às pessoas amadas, levando a questionamentos a respeito da necessidade da própria existência.
Na sequência, aparecem outros sentimentos derivados de todo este sofrimento e falta de perspectiva: a raiva, a ansiedade, o pânico e o pensamento obsessivo que se transforma em mola propulsora para solução de todos os problemas, desencadeando ideias e maneiras de cessar com tudo o que incomoda. São, assim, as enganosas estratégias da mente enferma em busca do término do sofrimento.
Admitir a Depressão não significa curar-se, mas sim, uma valiosa possibilidade de administrá-la com sucesso.
Quando enfrentamos a dor e o tormento geramos maior controle da situação. Talvez a esperança esteja na dúvida e não na certeza, ou seja, contradizer a mente: e se estiver me enganando? E se não for bem assim? E se puder ser diferente? Pode ser que na pessoa acometida por Depressão haja mais do que dor e raiva: haja resistência. Haverá dias difíceis, recaídas e incertezas, mas um processo constante de aprendizado e de valorização a vida.
Texto baseado no livro: O demônio do meio dia (Solomon, A. 2001) e em minha experiência clínica.
Telma Mendes
CRP: 06/42.115
Não estou tendo nem vontade de trabalhar
Boa noite, Leonardo!
Entendo perfeitamente o que você está sentindo, muitas vezes a pessoa sequer levanta da cama, é importante a ajuda de profissionais da área. Tente encontrar um psiquiatra e um psicólogo para te ajudar! Muitas vezes negligenciamos a doença acreditando que podemos sair dela sozinhos.